Sempre tive questões com o meu corpo, sempre achei que era demasiado
gorda, que tinha demasiadas curvas, que os meus pés eram estranhos, que os meus
braços não eram tonificados e eram muito gordos. Fiz várias dietas e deixei de
comer muitas coisas que queria, nunca fiz muito exercício físico, passava em
frente aos espelhos e não olhava porque sabia que não ia gostar do que ia ver.
Quando estava em frente a um espelho encolhia a barriga e olhava-me de lado
para dar a sensação que tinha o corpo mais delineado do que aquilo que ele era,
não passava creme no corpo porque não queria sentir o meu corpo e quando
passava creme passava o mais rápido possível apenas para não olhar muito para
ele. Via na televisão e nas revistas mulheres com corpos magros e “bonitos” e
ansiava por ter um corpo assim, simultaneamente referia para as pessoas que
estavam à minha volta que adorava o meu corpo e que este estava bem assim.
Mentira.
Mentia às pessoas que estavam à minha volta e mentia a mim própria
dizendo que gostava de mim assim. Atacava o frigorífico e em cada refeição comia
como se no dia seguinte fosse morrer, dizia a mim própria que se gostava de
comer não me podia proibir, dizia a mim própria que gostava de mim própria e
que me aceitava tal como era.
O primeiro ano em que vim viver para Lisboa engordei 9 kg (ao escrever
agora até me doeu J)
Hoje ao ler o burburinho que existiu na moda Lisboa com a actriz Jessica
Atayde percebi o quanto o corpo da mulher ainda é um tabu, continuamos a seguir
um padrão do que deveríamos ser ou fazer, de como deveriam ser as nossas
formas.
Um dia um homem muito sábio (nem ele sabe o quanto) disse-me: “ Se vocês
mulheres investissem o mesmo tempo em apreciarem os vossos corpos, como
investem em ter um corpo diferente ou em competir umas com as outras, tudo
seria mais simples e as marcas não ganhavam tanto dinheiro.”
A comida para mim deixou de ser vista como uma forma de preencher uma necessidade,
deixou de ser vista como uma forma de preencher o meu vazio e passou a ser uma
forma de trazer mais prazer à minha vida, as quantidades alteraram, o espelho
já faz parte do dia-a-dia, tal como o creme no corpo, o exercício físico entrou
na minha vida não como uma forma de atingir o peso ideal, mas como algo
essencial para a minha saúde mental. Por vezes continuo a olhar para a minha
barriguinha e a questionar…
“ Hmmm como seria se não te tivesse.”
Em outros momentos olho para ela com admiração de tão fofinha que me
parece J (toda a verdade). Alterei muito o meu corpo,
não, alterei muito a minha mente, sim.
Não há ninguém que te posso dizer que és demasiado gorda ou demasiado
magra, não há ninguém que te possa dizer que tens mamas demasiado grandes ou
pequenas, não há ninguém que te possa dizer que o teu nariz não é perfeito, nem
as outras mulheres.
Como diz o velho cliché, aprender a gostar mais de ti J tal como és!
Sê Inspiração.
Lígia Silva.
Life Coach.
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