quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Escrava do corpo.

Eu admito sou comidodependente.
Se não existe um grupo destes deveria existir e eu gostaria de fazer parte.
Sou comidodependente, adoro comer, simplesmente adoro e então com a chegada desta época maravilhosa que é o Natal parece que os sabores e os cheiros ganham uma intensidade ainda maior, parece que tudo fica ainda mais brilhante e com ainda mais sabor e é nessa altura que para além de sermos bombardeados à entrada dos supermercados com bolos reis, bolos rainhas, filhoses, sonhos, nozes e filhos destes, existem também informações do género: “ conheça as calorias que tem uma fatia dourada, ou conheça as calorias que tem uma fatia de bolo rainha, é melhor comer bolo rainha porque não tem tantas calorias que o bolo rei…” (A sério!!!!)
Durante a minha adolescência sempre me debati com alguns desafios alimentares e durante 2 anos senti que estava a perder o controlo emocional e mental para a escravidão dos tamanhos da roupa e para a forma como eu via o meu corpo, acho que hoje em dia chama-se bulimia, na altura não sabia o que estava acontecer, apenas sabia que quando comia sentia-me imensamente mal pelas quantidades que comia (que eram exageradas) ou simplesmente por estar a comer e encontrava formas não muito bonitas ou saudáveis para retirar essa comida do meu organismo. Cresci e deixei de o fazer, passei a fazê-lo de uma forma mais refinada com dietas malucas que me faziam olhar para o meu corpo diariamente, encolher a barriga e olhar de lado porque parecia mais magra, existiam momentos em que nem conseguia colocar creme no corpo porque não gostava se quer de olhar para a pele com celulite, passava pelos espelhos a correr, a correria pelas medidas certas e quase que perfeitas fizeram-me ter pouco prazer pela vida e mesmo pela comida, anos mais tarde percebi que quanto mais desconectada estava de mim pior ficava a minha alimentação.
 
Hoje em dia ainda tenho momentos em que dou por mim a ser escrava das medidas perfeitas, quando isso acontece sei que é o momento em que estou desconectada de mim. Adoro comer e adoro o prazer que tenho quando como, posso sempre fazê-lo de forma equilibrada, mas ser escrava da quantidade de calorias que uma fatia dourada tem, isso é que não J
A escravidão pelo corpo e pelas medidas retira-nos a capacidade de vivermos e de aproveitarmos a vida. Espero que este natal seja para ti um natal com muito prazer e equilíbrio alimentar, mas acima de tudo com muito prazer!
Sê Inspiração.
Lígia Silva.
Coach e Talent Finder.

2 comentários:

  1. Lígia, adora a tua coragem de seres tão autêntica :)
    Nos últimos tempos tenho adiado (com diversas tentativas) em escrever num blog acerca do que se passou comigo e de como recuperei (passar o meu testemunho), que tem a ver com o descontrolo emocional e mental que falas, que me levou a fazer dietas e, ter provocado a anorexia com períodos bulímicos.
    Cheguei a uma conclusão, também adoro e tenho prazer em comer, e cada vez mais pretendo fazê-lo de uma forma saudável. Foi algo que me privei durante anos, e durante esta época e não só, pode-se fazê-lo de uma forma saudável e equilibrada. Excelente reflexão em relação à desconexão, inspiraste-me a concretizar este meu objectivo, que pode ajudar alguém e, continuar a ajudar-me.
    Parabéns por fazeres a diferença na vida das pessoas!

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