Sim tenho medo.
“ Por vezes canso-me de fingir
para mim própria que não tenho medo, canso-me que as pessoas esperem
diariamente que eu seja forte e que diga sempre as palavras certas cheias de
entusiasmo. Às vezes pergunto como seria se gritasse para a minha família, para
a minha equipa, para o meu marido: “ Estou cheia de medo, não sei o que fazer a
seguir, não sei como vai ser para a semana. Sim eu também tenho medo.””
Tem 38 anos, está grávida pela
primeira vez, é casada, é gestora comercial, gere uma equipa de 10 pessoas e
ontem estas foram as palavras que saíram da sua boca, após ter percebido que
durante 35 anos não fez mais nada a não ser, ser forte, lutadora e uma mulher
rochedo (como lhe chama a família).
Estamos cheios de clichés e de
regras de como deveremos ser ou fazer, criamos muralhas fortes e espessas que apenas
deixam transparecer o optimismo constante e as frases certas e certeiras, tens
que ter respostas firmes e seguras, mas por vezes a palavra que mais sentes é: “não
sei”.
“A questão é que eu acho que quando estiver a fazer uma coisa
que goste mesmo não vou ter medo.”
Tem 31 anos, é casada, é professora e está alterar toda a
sua carreira profissional em busca daquilo que verdadeiramente a preenche e
ontem isto foi o que sentiu.
A minha verdade e apenas a minha verdade é que se criou um
glamour maravilhoso por de trás de fazermos aquilo que gostamos, tornando-se
isso quase como algo perfeito em que tudo flui e em que o medo não está
presente. A minha verdade e apenas a minha verdade é que isso não é verdade,
vais sempre ter medo de fazer algo diferente, de fazer algo que numa primeira
fase não é aceite pela tua família ou pela comunidade, sociedade onde vives,
vais ter medo quando vais questionar se tens ou não dinheiro para viver, vais
ter medo quando vais questionar se estás ou não no caminho certo. A questão é
se aquilo que ganhas é superior ao medo que tens, se o propósito que sentes
dentro de ti é suficientemente grande para continuares avançar mesmo sentido
todo o medo, é?
Então
o que fazes?
Aceitas a tua vulnerabilidade, aceitas que nem sempre sabes
as respostas todas aceitas que não controlas nada, aceitas que em determinados
momentos tens medo, aceitas que em determinados momentos tens vontade de
chorar. Aceitas que debaixo de tanta muralha está um coração a bater que aquilo
que apenas deseja é liberdade e sentir, aceitas que a melhor forma de atingires
esse caminho é dares uma passo.
Independentemente do que possam achar ou dizer, continuas,
pegas no lenço, limpas as lágrimas, sentes amor por ti, por aquilo que és e por
aquilo que fostes e continuas. Sentes dentro de ti que um dia esse vai ser
apenas mais um ponto para juntar ao puzzle, sabes que tudo vai fazer sentido,
pode ainda não ser hoje, mas sabes que tudo vai fazer sentido, avanças para
mais um momento.
Sê Inspiração.
Lígia Silva.
Coach, Marketer e Talent Finder.
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