segunda-feira, 15 de junho de 2015

Encontro de almas.

Durante muito tempo procurei respostas e validação nas pessoas à minha volta apenas porque não confiava nas respostas que eu tinha dentro de mim ou melhor apenas porque eu não tinha confiança suficiente para confiar nas respostas que eu tinha dentro de mim. Vivi durante tanto tempo dessa forma que cheguei mesmo acreditar que era a única forma possível, vivia com o medo do que iria acontecer e acima de tudo vivia com o medo de perder aquilo que eu tinha por certo.

Quando trabalhamos diariamente com pessoas, diariamente és confrontado com os teus próprios problemas, isto porque acredito que cada pessoa que vem ter comigo, vem porque o desafio que ela tem eu já o tive ou estou a ter no momento. Cada pessoa é como se fosse um espelho nosso. Acredito que quem escolhe trabalhar, ajudar, facilitar o processo de outras pessoas tem uma responsabilidade ainda maior porque tem que praticar aquilo que diz, não apenas uma vez por mês, mas sim diariamente, a cada momento.

Imagina a cada segundo seres confrontado com os teus problemas aqueles que tentas esquecer quando vês televisão, quando vais às compras, quando bebes um copo ou quando comes de forma excessiva. Começas por escolher procurar respostas “rápidas” aquelas instantâneas que te vão resolver pelo menos metade da vida ou então daquelas pílulas mágicas que se as tomares vai te resolver a outra metade da vida.



Fui arrogante o suficiente por acreditar que tinha mais consciência e que poderia ser ajudada de forma rápida, procurava soluções para o “agora” e consistência claramente não era o meu nome do meio. Existiu um momento em que a minha arrogância atingiu níveis tão altos como os Pirenéus e achava só poderia ser ajudada pelos melhores (agora até me dá vontade de rir por achar o quanto fui arrogante), utilizava frequentemente a desculpa que: “ Tinha níveis de exigência elevados” (lol para mim).

A descida à terra e a consciência da minha arrogância foi dolorosa. Não quero dizer com isto que não devemos procurar ajudar, muito pelo contrário acredito que todos nós precisamos de alguém que nos ajude em determinados momentos da nossa vida, sou 100% a favor disso se estivermos abertos e receptivos essa pessoa vai aparecer, basta sentir o nível de conexão e sentir se aquilo que a pessoa nos diz é congruente. Agora colocar a responsabilidade da nossa vida nas mãos dessa pessoa é uma excelente forma de me desresponsabilizar, entrei em muitos cursos com este pensamento: “ Vá vai directo à questão e ajuda-me no meu problema.”

Felizmente tive pessoas ao meu lado que me ajudaram a colocar os pés no chão e a olhar verdadeiramente para aquilo que eu estava a pedir aos outros. Se era mais fácil? Sim era. Resolveu?
Não.


Hoje continuo a receber ajuda energeticamente, mentalmente e emocionalmente porque acredito que quem ajuda outras pessoas tem a responsabilidade de estar constantemente a cuidar de si. Contudo acredito também que ao longo do nosso dia vamos encontrando grandes sábios aqueles que não têm o curso YYY, aqueles que não andaram na escola XXX, aqueles que não têm títulos.


Na sexta-feira recebi uma prenda enorme uma pessoa que conheço à alguns meses e que de uma forma tímida resolveu contar a sua história, de onde veio, como foi o seu crescimento, os seus sofrimentos e as suas conquistas, das centenas de pessoas com quem já trabalhei nunca ouvi nada assim, nunca tinha ouvido algo que pudesse implicar tanta dor e sofrimento, enquanto contava a sua história fui me questionando onde estava a sua mágoa e a sua tristeza, porque simplesmente não a via. No final da história perguntei:

“ E o que sentes agora depois disso tudo?”

Respondeu-me:

“ Acredito que existe algo a que chamamos de almas, as nossas almas têm encontro marcado com outras almas e os encontros de dor que eu tive apenas me serviram para eu amar ainda mais a vida que tenho. Tenho 55 anos e sinto que voltei a nascer, aquilo é uma outra história, esta que estou a viver tem mais amor e mais alegria e tem pessoas maravilhosas pelo meio.” 

No final despediu-se com:

“ Engraçado nunca contei a minha história a ninguém, és a primeira pessoa, não sei porque te contei.”

Eu sei.

A vida não se prende com o que já foste, ou com o que já tiveste, a vida prende-se com aquilo que escolhes ser agora, com a quantidade de amor e de alegria que escolhes trazer hoje para a tua vida.
O meu coração está enorme e rico, porque me permiti sair do meu mundo e conhecer as pessoas à minha volta. Desejo-te uma semana de muitas experiências simples e grandiosas como aquela que eu tive.


Sê Inspiração.

Lígia Silva,
Life Coach e Terapeuta.

ligiasantosilva@gmail.com ou 935 333 777 

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