Durante muito tempo procurei
respostas e validação nas pessoas à minha volta apenas porque não confiava nas
respostas que eu tinha dentro de mim ou melhor apenas porque eu não tinha
confiança suficiente para confiar nas respostas que eu tinha dentro de mim. Vivi
durante tanto tempo dessa forma que cheguei mesmo acreditar que era a única
forma possível, vivia com o medo do que iria acontecer e acima de tudo vivia
com o medo de perder aquilo que eu tinha por certo.
Quando trabalhamos diariamente com
pessoas, diariamente és confrontado com os teus próprios problemas, isto porque
acredito que cada pessoa que vem ter comigo, vem porque o desafio que ela tem
eu já o tive ou estou a ter no momento. Cada pessoa é como se fosse um espelho
nosso. Acredito que quem escolhe trabalhar, ajudar, facilitar o processo de
outras pessoas tem uma responsabilidade ainda maior porque tem que praticar
aquilo que diz, não apenas uma vez por mês, mas sim diariamente, a cada
momento.
Imagina a cada segundo seres
confrontado com os teus problemas aqueles que tentas esquecer quando vês
televisão, quando vais às compras, quando bebes um copo ou quando comes de
forma excessiva. Começas por escolher procurar respostas “rápidas” aquelas
instantâneas que te vão resolver pelo menos metade da vida ou então daquelas pílulas
mágicas que se as tomares vai te resolver a outra metade da vida.
Fui arrogante o suficiente por
acreditar que tinha mais consciência e que poderia ser ajudada de forma rápida,
procurava soluções para o “agora” e consistência claramente não era o meu nome
do meio. Existiu um momento em que a minha arrogância atingiu níveis tão altos
como os Pirenéus e achava só poderia ser ajudada pelos melhores (agora até me
dá vontade de rir por achar o quanto fui arrogante), utilizava frequentemente a
desculpa que: “ Tinha níveis de exigência elevados” (lol para mim).
A descida à terra e a consciência
da minha arrogância foi dolorosa. Não quero dizer com isto que não devemos
procurar ajudar, muito pelo contrário acredito que todos nós precisamos de
alguém que nos ajude em determinados momentos da nossa vida, sou 100% a favor
disso se estivermos abertos e receptivos essa pessoa vai aparecer, basta sentir
o nível de conexão e sentir se aquilo que a pessoa nos diz é congruente. Agora colocar
a responsabilidade da nossa vida nas mãos dessa pessoa é uma excelente forma de
me desresponsabilizar, entrei em muitos cursos com este pensamento: “ Vá vai
directo à questão e ajuda-me no meu problema.”
Felizmente tive pessoas ao meu
lado que me ajudaram a colocar os pés no chão e a olhar verdadeiramente para
aquilo que eu estava a pedir aos outros. Se era mais fácil? Sim era. Resolveu?
Não.
Hoje continuo a receber ajuda energeticamente,
mentalmente e emocionalmente porque acredito que quem ajuda outras pessoas tem
a responsabilidade de estar constantemente a cuidar de si. Contudo acredito
também que ao longo do nosso dia vamos encontrando grandes sábios aqueles que
não têm o curso YYY, aqueles que não andaram na escola XXX, aqueles que não têm
títulos.
Na sexta-feira recebi uma prenda
enorme uma pessoa que conheço à alguns meses e que de uma forma tímida resolveu
contar a sua história, de onde veio, como foi o seu crescimento, os seus sofrimentos
e as suas conquistas, das centenas de pessoas com quem já trabalhei nunca ouvi
nada assim, nunca tinha ouvido algo que pudesse implicar tanta dor e sofrimento,
enquanto contava a sua história fui me questionando onde estava a sua mágoa e a
sua tristeza, porque simplesmente não a via. No final da história perguntei:
“ E o que sentes agora depois
disso tudo?”
Respondeu-me:
“ Acredito que existe algo a que
chamamos de almas, as nossas almas têm encontro marcado com outras almas e os
encontros de dor que eu tive apenas me serviram para eu amar ainda mais a vida
que tenho. Tenho 55 anos e sinto que voltei a nascer, aquilo é uma outra
história, esta que estou a viver tem mais amor e mais alegria e tem pessoas
maravilhosas pelo meio.”
No final despediu-se com:
“ Engraçado nunca contei a minha
história a ninguém, és a primeira pessoa, não sei porque te contei.”
Eu sei.
A vida não se prende com o que já
foste, ou com o que já tiveste, a vida prende-se com aquilo que escolhes ser
agora, com a quantidade de amor e de alegria que escolhes trazer hoje para a
tua vida.
O meu coração está enorme e rico,
porque me permiti sair do meu mundo e conhecer as pessoas à minha volta.
Desejo-te uma semana de muitas experiências simples e grandiosas como aquela
que eu tive.
Sê Inspiração.
Lígia Silva,
Life Coach e Terapeuta.